Entrevista Ricardo Lobão - UIB

Entrevista Ricardo Lobão – UIB

Especialista no mercado de benefícios, com 30 anos de experiência no setor e formado em Neuroeconomia, Ricardo Lobão, Presidente Executivo da UIB Benefícios  compartilhou conosco sua experiência e alguns pontos de vista sobre o mercado de benefícios corporativos.

De acorco com Lobão o mercado de benefícios busca a melhoria de performance, principalmente com a adesão às novas novas tecnologias, mas por ser um mercado protecionista isso ainda ocorre de forma lenta. Salientou que nos últimos 5 anos o mercado está tentando criar um ponto de ruptura com os padrões atuais, citando que “Os custos dos benefícios atualmente aumenta cerca de 27% ao ano e que a maioria das empresas não conseguem mais absorver ou suportar essa escalada de custos. Friso que os custos dobram a cada 3 anos sem ter nenhum benefício agregado. Isso faz com que as empresas busquem alternativas para romper esse padrão de crescimento de seus custos ou precisará reduzir os benefícios. A busca por alternativas é um fator de evolução nesse mercado, e cabe às consultorias criar novos modelos de negócios em sua prestação de serviços. É isso que fazemos aqui na UIB Benefícios”.

Os Benefícios nas empresas

Para Lobão está ocorrendo uma mudança de visão dentro das empresas onde a área de Recursos Humanos deixa de ser o “pato feio”, passando a atuar de uma forma mais alinhada com o negócio, participando da estratégica do negócio. Pondera que o benefício saúde é quantificado e não qualificado. Segundo ele, “Quando a empresa fornece o benefício saúde, a pessoa quantifica – quantas vezes eu posso usar e não o qualifica, ou se pergunta qual é o tipo de médico que precisa usar. O que sempre falamos para as empresas que diminui muito o custo e qualifica o benefício é que precisam promover a consciência de qualificar sua utilização. As empresas buscam redução de utilização e não deve ser este o objetivo. Na ânsia de reduzir pode induzir o usuário consumir o benefício de forma inadequada, gerando mais custo para a empresa contratante. Ajudamos nossos clientes a qualificar a utilização, e para isso a empresa precisa que o usuário participe dessa decisão.”

Complementando, Lobão aponta que o desafio fica ainda maior nas companhias ao colocarem benefícios gerais para diferentes gerações, não alinhando-os aos desejos dos indivíduos. “Em geral as empresas buscam fortalecer os vínculos com seus colaboradores através de pacotes de benefícios e remuneração. Entretanto, atualmente os colaboradores tomam a decisão de trabalhar na empresa x – mais formal ou na empresa y – menos formal, o que dificulta o estabelecimento de parâmetros mais igualitários. Há um grande desafio a ser trabalhado pelas empresas na composição do mix de benefícios que se adequem às necessidades individuais de seus colaboradores. Mas acredito que da forma como atualmente o mercado dos benefícios relacionados às saúde atua, com as suas regras e condições, ainda não seja totalmente possível arriscar nessa composição mista. As políticas de benefícios flexíveis encarecem cerca de 45% os custos com a cadeia de benefícios das corporações. Infelizmente não temos produtos e legislações estruturadas para apoiar as companhias nessa decisão. A atratividade para usuários de gerações diferentes nos benefícios é muito complexa e diferente.”

Para Lobão, os usuários precisam entender que os planos de benefícios são também um patrimônio das empresas. “É imprescinídvel que todos os envolvidos – empresas contratantes e usuários saibam que o uso equivocado do benefício de saúde gera custos para própria empresa, onerando sua estrutura de custos e consequentemente diminui sua competitividade, e por consequência achata as remunerações.

O usuário precisa internalizar que se ele utilizar corretamente o benefício saúde poderá mantê-lo com a mesma qualidade por mais 10 anos. Precisamos acabar com uma questão cultural do brasileiro de que o estado e o empregador têm a “obrigação” de pagar tudo.
Outro fator importante apontado por ele é que independentemente do tamanho da empresa, se multinacional, média ou pequena empresa, muitas vezes a regra sindical e a legislação é a mesma, e não proporcional. Em sua opinião é papel das consultorias de benefícios ajudarem seus clientes construirem essa visão de valor dos benefícios de saúde e odontologia dentro das corporações.

Lei, Regulação e utilização de benefícios de saúde

Ele acredita que a regulação é extremamente benéfica. “O mercado de saúde é um mercado curioso porque todo mundo reclama, mas ninguém abandona, ninguém sai. Se colocarmos todos na mesa – hospitais, operadoras, médicos e revendedores de próteses – todos reclamam, mas ninguém desiste?” Há nove anos participando de câmaras técnicas na ANS – Agência Nacional de Saúde – ele observa que as discussões circulam em cima dos mesmos temas.

Lobão defende a necessidade de educar o usuário dos benefícios de saúde e argumenta que a propriedade de analisar a utilização dos exames, consultas e demais assuntos relacionados ao atendimento de saúde é do próprio beneficiário. “Vamos pensar de uma forma mais ampla: Eu, usuário, já fiz mais de 10 tipos de exames solicitados por um profissional médico. Ao consultar outro especialista, caso ele solicite alguns exames, como usuário eu disponibilizo ou levo à consulta os exames já realizados e verifico se algum pode ser aproveitado? Invariavelmente, a resposta é não.
É também questão de administração de tempo usado desnecessariamente para realizar a mesma tarefa, ou seja, os mesmos exames.”
Lobão complementa que “em estudos feitos pela UIB Benefícios foi constatado que a simples prática de solicitar uma segunda opinião médica, principalmente para procedimentos cirúrgicos com próteses já impacta nos custos da empresa que fornece o benefício em aproximadamente 3% ao ano. Isso ocorre mesmo que, apesar da segunda opinião médica, o usuário decida fazer o procedimento com o primeiro médico, pelo simples fato de não efetuar a compra do serviço por impulso. A prática da segunda opinião médica é importante porque usuário estabelece um vínculo de crença dele com o médico, e não com a empresa onde ele trabalha, e tampouco com a operadora de saúde. A preocupação genuína de salvar a vida do usuário é do médico. É assim que ele pensa, o que é natural.

O papel do Corretor

Para Lobão, o corretor de seguros, em sua essência, é um empreendedor. De forma descontraída ele brincou: “Se você estiver em um playground e perguntar para todas as crianças presentes o que elas gostariam de ser quando crescer, nenhuma responderia Corretor de Seguros”. E pontua que o papel do Corretor é atuar como consultor para seus clientes trazendo nossas informações específicas, agregando valor e facilitando as decisões das empresas.
A natureza empreendedora da profissão exige o aprimoramento constante, o uso de algumas tecnologias como o Moltrio Insurance na gestão dos negócios e o estudo de novas formas de construir relações sólidas e de confiança com seus clientes, fornecendo dados sólidos para apoiar a tomada de decisões.

Boa semana e boas vendas!

 

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