Dia do trabalho: Celebração e reflexão sobre a revolução no mercado de trabalho a partir de 2020

No dia 1º de maio comemoramos o Dia Internacional do Trabalho ou, como alguns preferem, o Dia do Trabalhador, visto que os profissionais são os homenageados da vez. Afinal, eles merecem. Os trabalhadores direcionam sua energia para gerar valor para a sociedade em forma de produtos ou serviços.

Um profissional que dá o seu melhor e que realmente gosta do que faz refletirá em sucesso no negócio ou projeto. Este tipo de fator não mudou com o passar do tempo e talvez nunca mude. Porém todo o resto, no mundo do trabalho, não só mudou como está virando de cabeça para baixo.

Algumas profissões estão sendo totalmente aniquiladas do mercado e muito mais rapidamente do que as previsões. Outras nascem com a mesma velocidade e, por isso mesmo, sem escopo bem definido, o que significa que alguns contratantes podem não estar totalmente certos do conjunto de competências que precisam.

Paralelamente a isso, temos dados avassaladores em relação aos índices de ocupação da população, que impactam na dinâmica de contratações e oferta de mão-de-obra.

O desemprego já atinge 12,85 milhões de brasileiros (12,2% da população) e o desalento, quando a pessoa desiste de procurar emprego, 4,8 milhões. A informalidade é a realidade de 36,8 milhões. Os dados são do primeiro trimestre de 2020, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O problema é crônico, as causas são das mais variadas e o cenário de pandemia agravará o quadro rapidamente. Ou seja, como dizem por aí, vai piorar antes de melhorar.

Neste 01/05/2020 o cenário de pandemia mistura-se a uma já crescente tendência de crise, guerras comerciais e desaceleração de crescimento das economias mundiais mais pujantes. Somamos isto às provocações em relação à sustentabilidade de certas cadeias produtivas, às mudanças de comportamento do consumidor, além da onda de distúrbios psicológicos nos profissionais causada por todo este ritmo frenético.

A revolução não será pequena, nem simples, nem rápida.

Mas, para chegar até aqui, já passamos por revoluções que causaram mudanças radicais na sociedade. Vamos entender melhor relembrando as principais delas, que representam marcos históricos nas dinâmicas de trabalho. A divisão tem base no livro “The Fourth Industrial Revolution”, de Klaus Schwab, engenheiro e economista alemão, fundador do simpósio que se tornaria o Fórum Econômico Mundial.

1) Vapor (século XVIII)

A primeira revolução industrial, chamada também de indústria 1.0, começou na Inglaterra com as descobertas em relação à mecanização de processos e o uso de vapor e do carvão para o funcionamento dos maquinários.

2) Produção em massa (século XIX)

A segunda revolução industrial, chamada também de indústria 2.0, foi marcada pela ciência e pela produção em massa por meio da chegada da eletricidade. Neste período, veio a necessidade de especializar mão-de-obra. Aqui aparecem as linhas de produção em escala que culminou com a produção do primeiro veículo em escala, pela Ford, o Ford Model T.

3) Revolução tecnológica (século XX)

A indústria 3.0 começa marcada pela explosão das possibilidades trazidas pela tecnologia com o advento da computação e da internet. A automação é uma realidade na indústria. Os avanços na eletrônica e na robótica são exponenciais. Tudo isso impulsiona o movimento que virá depois (e que vivemos agora).

4) Revolução digital (século XXI)

Na quarta revolução industrial, segundo Klaus, as relações de trabalho ganharam novos parâmetros e conceitos. Novidades tecnológicas aparecem todos os dias e impulsionam novos comportamentos de maneira avassaladora… ou caem rapidamente. A indústria não está apenas automatizada em seus processos. Ela ganha escala também nas análises para tomada de decisão.

O potencial da indústria 4.0 pode elevar exponencialmente o rendimento das produções e melhorar a vida da população global ao mesmo tempo em que esconde perigos: o desemprego causado pelo advento da tecnologia em atividades até então humanas e as guerras comerciais.

Coronavírus: um ingrediente que fez tudo rodar

O cenário de pandemia com o qual nos deparamos neste ano, 2020, parece colocar tudo isso numa esteira rolante que, se estava rápida demais, agora está na velocidade da luz. Será a revolução 5.0? Ainda não se sabe, mas podemos analisar as tendências trazidas pela revolução 4.0 e verificar a aceleração de muitas delas com a situação incomum pela qual o mundo passa hoje.

Os fatores a seguir são apontados por empresas especializadas em mercado de trabalho, a Robert Half e a PageGroup, como norteadores das profissões do futuro. Analisaremos estas tendências dentro do atual contexto de pandemia:

  • Maior concorrência no mercado de trabalho uma vez que a tecnologia reduz postos como consequência de otimização de diversas tarefas;
  • A situação pandêmica, com o congelamento de diversos segmentos, mostra que todas as atividades que podem ser desenvolvidas por seres humanos, mas de maneira virtual, estão sob menos risco;
  • O aperfeiçoamento e o aprendizado constantes serão fatores decisivos em um mercado que está em constante movimentação;
    O local físico de trabalho pouco importará. Com a necessidade de isolamento social devido à pandemia, o modelo home office avançou forçadamente;
  • Com o fator acima, temos a derrubada dos limites geográficos como barreira para negócios e parcerias. Novas rotas comerciais, e-commerce e interação com o cliente são temas para investir com certeza de retorno;
  • Com toda a robótica, o conhecimento e a capacidade de se comunicar são características humanas que ainda fazem a diferença, mesmo que sejam usadas em meios virtuais;
  • Redução de carga horária e trabalho por demanda. Este é outro conceito que ganhou força com o contexto pandêmico, pois há escassez de recursos, e a previsão de piora.

Em diversos estudos a resiliência humana ainda aparece como fator preponderante no sucesso profissional e na adaptação às necessidades futuras (ou presentes) do mercado de trabalho. O processo de transformação incomoda os profissionais mais rígidos e beneficia aqueles que possuem mais capacidade de inovar e se adaptar. Estima-se que novos profissionais poderão ter entre cinco a sete profissões ao longo da vida, fazendo com que o desenvolvimento contínuo seja necessário.

Não necessariamente, as máquinas acabarão com os empregos. As atividades é que serão adaptadas e o profissional deverá aprender a tirar o melhor proveito da tecnologia em prol de sua atividade. Na verdade, já somos parte da tecnologia. Afinal, quem passa longe do celular por muitas horas? A relação com o mundo digital já é orgânica para muitos, principalmente para os mais jovens.

O futuro do trabalho é hoje. Que os trabalhadores possam ter sua celebração, mesmo no cenário assustador que se desenrola. Que toda esta revolução se desdobre em oportunidades até então desconhecidas pela maioria.

 

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