A consultora Simone Feu fala do panorama dos planos de saúde no Brasil

O mês de julho começou com a notícia da alta de 40% no índice de confiança do setor de saúde. Em um ano de recessão e crise política e econômica, esse mercado surpreende até alguns otimistas com previsões de crescimento até o fim de 2016.

A baixa qualidade da saúde pública no Brasil é um dos pontos que mais motivam o cidadão a optar por um meio particular para garantir o bem estar próprio e de seus familiares.

Um pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), divulgada no início do ano, apontou que o problema de 58% das pessoas que procuram por um atendimento no SUS (Sistema Único de Saúde) é a falta de médicos.

Mesmo com esse contexto, escolher um desses planos privados pode não ser uma tarefa das mais simples, porém existem pontos que precisamos nos atentar no momento dessa decisão. Para o empregador é importante saber o que o funcionário de fato espera desse e de outros benefícios e o corretor precisa captar esses pontos.

Entender as diferenças entre os planos de saúde, os pontos positivos para o cliente final e empresa, entre outras questões, são fundamentais para uma decisão acertada. Pensando em como orientar os corretores de seguros na hora de oferecer o melhor produto ao contratante, conversamos com Simone Feu, consultora em seguros e benefícios.

TN – Há uma série de benefícios corporativos para funcionários de empresas. Quais são eles? E como as empresas podem usar isso a seu favor?

Simone Feu Os benefícios seguráveis são saúde, vida, dental e previdência. Atualmente o nível de plano de saúde pode definir a opção de um candidato por uma empresa em detrimento de outra.

TN – O colaborador se preocupa com isso?

Muitas vezes os gastos com saúde podem ultrapassar o valor de um salário anual do empregado, então é muito valorizado. Existem benefícios que são extremamente importantes para o colaborador, em diversas ocasiões, até nas mais difíceis. No momento da morte do titular, por exemplo, o seguro de vida garante, em média, dois anos de salário pagos antecipadamente.

TN – Quais sãos as diferenças entre planos coletivos para grandes empresas, planos PME e planos coletivos por adesão?

• Além das regras da ANS serem diferentes para análise de resultado, basicamente os empresariais tem o resultado avaliado considerando o total de receita e despesas dentro do mesmo período, observando o percentual estabelecido em contrato para recálculo dos custos.

• Os PMEs normalmente participam de um pool (convênio estabelecido entre empresas autônomas, a fim de obter nivelação de benefícios) com regras e características semelhantes. Esses são reajustados de acordo com o resultado desse pool.

• Os planos coletivos por adesão seguem o mesmo modelo de compartilhamento de risco por similaridade de empresa.

De um modo geral, vale registrar que em todos os casos não há transferência de risco para as operadoras, de alguma forma, o que define a precificação é a realidade de utilização da população coberta.

TN – Como gerenciar os custos dos benefícios corporativos de forma a minimizar seus impactos na folha de pagamento?

São poucas as ferramentas de compartilhamento de custos com os colaboradores (coparticipação e franquias) sem que haja passivo para o empregador. Entretanto, com a transferência de riscos do governo para a iniciativa privada, através de um sistema público de saúde falido e legislação que favorece apenas a responsabilidade do empresariado, algumas empresas optam por oferecer planos apenas ambulatoriais na desesperada busca de redução de custos.

Cada empresa deve avaliar quais mecanismos de controle de utilização e/ou redução de custos é mais adequada à sua estrategia de gestão. Os recursos de que dispomos são: co-pay, franquias, acomodação, meritocracia para parto, rede/plano por elegibilidade, tipo de concessão do plano – se ambulatorial, hospitalar ou integral.

Não é possível ter receita pronta para gestão da saúde, pois muitos indicadores definem a melhor opção para cada empresa.

TN – Como escolher os players e produtos mais adequados ao perfil do cliente?

Há muito tempo, acredite, contratava-se plano de saúde quase que pelo peso do livro de credenciados ou ainda pelo maior valor de reembolso de consultas. Atualmente, a capacidade de negociação com a rede fornecedora, os tão em moda DRGs, Diagnosis related groups, a eficácia na auditoria dos processos, a qualidade da rede, sua abrangência territorial e eficiência nos processos operacionais são os indicadores mais utilizados na escolha dos fornecedores.

TN – Quais são os principais pontos a serem observados para uma boa avaliação dos produtos adequados ao cliente?

Além dos acima citados, aprecio avaliar a relação do cliente corporativo e seus colaboradores – elegibilidade, valores de coparticipação, diferença entre os planos, tipo de planos para cada grupo salarial e região de atuação. O importante é alinhar as estratégias de benefícios à estratégia da empresa.

Simone Feu, formada em direito e Marketing, com certificado internacional de especialista em benefícios corporativos, possui larga experiência executiva em consultorias de benefícios tendo prestado serviços para Bradesco, Aon, Willis, Lockton Brasil e THB Brasil.

Atenta às mudanças no setor de saúde e seguridade atualiza-se constantemente buscando novas metodologias em gestão de benefícios que possam ser aplicadas no Brasil.

 

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